Egressos - Discentes 2014

A dimensão intertextual na poesia de Paulo Leminski: um estudo comparativo

Discente: Bruna Kelly de Jesus (Lattes)

Orientadora: Mônica Luiza Socio Fernandes

Resumo: As relações intertextuais presentes nos poemas de Paulo Leminski são o foco desta pesquisa, que por sua vez, é de caráter bibliográfico e é caracterizado como um estudo comparativo, que se vale desse método como um meio e não um fim. Com base na literatura comparada, como disciplina que compreende a comparação de uma literatura com outras esferas da expressão humana, integraremos conteúdos e aspectos filosóficos, conhecimentos específicos da música e das artes visuais, história, linguística, teoria literária e da sociologia, não utilizando tais disciplinas apenas como conceitos, mas como articuladoras de um olhar interdisciplinar para o objeto, nesse caso o poema, para além das fronteiras das palavras. Buscamos entender como a relação entre literatura e outras áreas do conhecimento, a saber: pintura e música, pode contribuir, por meio da leitura intertextual, para a ampliação das possibilidades interpretativas da linguagem poética e para a formação humana (intelectual, social e cultural). Serão fundamentais para a pesquisa os estudos de Bosi (2000), Candido (2006), Paz (1982) e Pound (1991/2003), sobre a poesia; Souriau (1983) sobre A Correspondência das Artes; Oliveira (2002), sobre a relação entre literatura e música e Carvalhal (2003/2006) sobre literatura comparada. Utilizaremos também os postulados de Manguel (2001) sobre a leitura de imagens e Beckett (1997) sobre a história da pintura. Os estudos de Horta (1984) e Bennet (1986) são basilares no tocante aos conceitos da música, bem como as discussões de Bakhtin (2011) acerca das noções de intertextualidade.

 

Folha feminina: representações da mulher nas páginas da Folha do Norte do Paraná

Discente: Ivania Skura (Lattes)

Orientadora: Cristina Satiê de Oliveira Pátaro

Coorientador: Frank Antonio Mezzomo

Resumo: Esta investigação busca analisar representações que evocam relações entre mulher e beleza, evidenciando sentidos e interpretações surgidas do material empírico, a coluna Folha Feminina do Jornal Folha do Norte do Paraná, especificamente no período que compreende os anos de 1962, 1963 e 1964. Visou-se identificar, neste espaço, representações nos discursos jornalísticos que permearam as noções de feminilidades vigentes na década de 1960, em um recorte que abarca reportagens nas quais o tema da beleza, categoria mais representativa dentre o corpus, fez-se presente. No jornal Folha do Norte do Paraná, meio de comunicação comercial que circulou na região entre os anos de 1962 e 1979, cuja posse era da Igreja Católica, diocese de Maringá/PR, a coluna feminina é a única seção que fala explícita e diretamente com as mulheres. Ao olhar para as representações de beleza de mulher, fez-se uso da análise de conteúdo como procedimento metodológico para investigar essas comunicações. Notamos, nesse período, discursos que produzem sentidos estereotipados de gênero, que regem normas e condutas consideradas como adequadas para o público feminino, mas também ficou evidente que há, em tais materializações, pequenas pistas de fissuras no padrão uniformizador. Observando as relações de poder presentes nas condições de produção dessas mensagens, que envolvem duas instituições de destaque (a Imprensa e a Igreja Católica), compreendemos a referida mídia impressa regional como fonte de pesquisa histórica, de modo que a mesma evidencia valores, noções e modelos sociais que permitem enxergar como representações polifônicas de mulheres, que perpassavam o imaginário social no estado do Paraná à época, participaram na construção de uma cultura de (des)igualdade de gênero nos veículos de comunicação.

 

Jovens sem religião: representações político-religiosas de ingressantes da Universidade Estadual do Paraná (Unespar)

Discente: Lara de Fátima Grigoletto Bonini (Lattes)

Orientador: Frank Antonio Mezzomo

Coorientadora: Cristina Satiê de Oliveira Pátaro

Resumo: A pesquisa buscou refletir e problematizar as representações político-religiosas de jovens universitários que declaram acreditar em Deus, mas não participar de religião. O recorte empírico do estudo compreende os jovens ingressantes em 2014 da Unespar, instituição multicampi recém-constituída, que contempla alunos oriundos de distintos contextos socioculturais, educacionais e regionais. Para identificar o perfil dos estudantes sem religião, optamos pela aplicação de survey, por meio de plataforma on-line, aos acadêmicos dos sete câmpus da Universidade, o que possibilitou evidenciar particularidades significativas dos jovens sem religião. As bases teórico-metodológicas para o tratamento e interpretação das respostas obtidas contemplaram uma abordagem de interdisciplinaridade e complexidade, a fim de dar conta da multidimensionalidade de implicações que o objeto de estudo promove. Entendemos que os novos movimentos advindos da modernidade são caracterizados por múltiplos fenômenos, como as ressignificações dos campos religioso e político, tendo em seu bojo a perspectiva da secularização, a configuração de distintos modos de ser jovem na atualidade, e a liberdade de construção de sistemas de crenças e valores próprios, sem necessariamente a mediação de autoridades e instituições religiosas. Os resultados obtidos sugerem que os jovens sem religião ingressantes da Unespar vivenciam as dinâmicas modernas de acordo com sua autonomia reflexiva, liberdade pessoal e seu desenvolvimento histórico. Identificamos que os universitários sem religião são compostos por sujeitos que passaram por experiências religiosas, desligados ou desconvertidos das instituições de origem, ou ainda, por indivíduos que nunca se identificaram com as religiões. Possuem crenças e práticas simbólico-religiosas e valorizam a dimensão subjetiva da fé, a partir de bricolagens particulares, ainda que com suspeita, crítica e discordâncias sobre a regulação dos sistemas religiosos instituídos. Os posicionamentos de participação político-social dos universitários sem religião são percebidos como atuações distantes das formas tradicionais de política, sendo ainda possível identificar interpretações críticas no que trata da aproximação entre as instituições religiosa e política. A pesquisa desenvolvida possibilitou compreender os aspectos subjetivos da religião e da política que atuam na identidade e vivência dos jovens sem religião da Unespar, tendo em vista as dinâmicas relativas ao flexível cenário contemporâneo de construção de religiosidades difusas e participações políticas menos institucionalizadas.

 

Juventude e pertencimento político-religioso: uma investigação sobre os projetos de futuro dos jovens ingressantes da Universidade Estadual do Paraná (Unespar)

Discente: Thaís Serafim dos Santos (Lattes)

Orientador: Frank Antonio Mezzomo

Coorientadora: Cristina Satiê de Oliveira Pátaro

Resumo: Esta pesquisa partiu de uma perspectiva interdisciplinar, assim como da compreensão da diversidade abarcada pela categoria juventude, e teve como objetivo investigar os projetos de vida dos jovens ingressantes da Universidade Estadual do Paraná/Câmpus de Campo Mourão, tendo em vista seus vínculos e representações político-religiosas. Para alcançarmos o referido propósito, lançamos mão de dois instrumentos de pesquisa. Com questionário online (survey), respondido por 282 jovens, pudemos traçar o perfil socioeconômico dos ingressantes, além de estabelecer as primeiras hipóteses sobre suas representações. Com os primeiros dados produzidos, elaboramos um roteiro de entrevista semiestruturada que foi utilizada com quatro jovens que nos confidenciaram seus projetos de vida, permitindo-nos estabelecer (a partir de suas compreensões) relações entre seus posicionamentos e representações político-religiosas. Os resultados da investigação ofereceram uma visão ampla do perfil dos jovens no que se refere à participação e engajamento político e religioso, permitindo uma análise entre a permeabilização das duas esferas e a forma como contribuem na elaboração e constituição de seus projetos. Percebemos maior vinculação religiosa se comparada à participação em atividades tradicionalmente consideradas políticas, como, por exemplo, a participação em partidos políticos. No entanto, foi expressiva a participação dos jovens em atividades de cunho solidário, revelando novas formas e estratégias de participação social. Pudemos ainda conjecturar acerca das preocupações específicas dos jovens com o futuro e o mundo do trabalho, estando estas esferas inevitavelmente ligadas à construção de projetos de vida. Seus projetos de vida revelaram-se calcados no desejo de se tornarem alguém na vida, por meio do trabalho. Ademais, notou-se uma intensa religiosidade jovem, em que os valores transmitidos pela religião perpassam pelas vidas e projetos dos jovens, inclusive sendo fonte de supressão das inseguranças relacionadas às incertezas do futuro.